domingo, 8 de maio de 2011

Corticóides

Corticóide ou corticosteróide (popularmente chamado de cortisona) é um medicamento usado no tratamento das doenças alérgicas e qué é sintetizado a partir de um hormônio produzido por uma pequena glândula chamada supra-renal, pois se localiza logo acima do rim.
Este hormônio – chamado de cortisol - é essencial para a vida, contribuindo
para manter o equilíbrio no organismo humano. Atua como um potente antinflamatório natural, além de influir em diversas funções do organismo como no metabolismo ósseo, de açucares, sais minerais, gorduras, proteínas, exercendo também ação estimuladora no cérebro. Estas ações são muito importantes para gerar energia necessária para manutenção das atividades diárias e em especial nas situações de estresse tanto físico como emocional. Por exemplo, no momento de uma infecção o organismo precisa de reservas de energia para se defender e o cortisol atua provendo condições para a recuperação.

A produção de cortisol obedece a um ritmo diário (“ritmo circadiano”), com um nível máximo do hormônio pela manhã, ao acordar. O nível de cortisol vai caindo lentamente até que à noite há um nível mais baixo no sangue, coincidindo com a sensação de cansaço e necessidade de repouso. Durante o sono, a glândula volta a produzir o hormônio a fim de que o organismo esteja apto para suas atividades diárias ao acordar, pela manhã. Este ritmo de produção do cortisol pela supra-renal é regulado por uma outra glândula; a hipófise ou pineal, localizada no cérebro, sob a influência de outras estruturas reguladoras cerebrais.

Mas o corpo humano é harmonioso: para produzir o cortisol, a glândula supra-renal obedece às ordens da hipófise e do hipotálamo. A regulação do cortisol é portanto o resultado da participação harmoniosa do eixo hipotálamo – hipófise – adrenal. Assim, quando o nível sérico do cortisol, o eixo reduz sua atividade vice versa – se o nível está elevado, automaticamente o eixo estimula sua atividade.

Por isso, quando uma pessoa utiliza um medicamento contendo corticóide, poderá ocorrer uma interferência no eixo regulador/produtor e resultar em alteração de produção do cortisol pelo organismo. No uso curto por poucos dias, não há problema: uma vez suspenso o medicamento, a glândula supra-renal retoma a sua produção diária normal. Entretanto, se a terapia for prolongada (acima de 30 dias) a retomada da atividade da glândula pode ser lenta ou até mesmo permanente, acarretando sérios problemas de saúde.

Os corticóides são utilizados de forma sintética em medicamentos usados em muitas doenças e na Alergia, por sua estupenda ação antinflamatória. O uso deste medicamento acarreta melhora quase imediata de crises agudas de asma, rinite, urticária, eczemas, farmacodermias e da anafilaxia.

Conhecendo as ações dos hormônios corticosteróides, fica mais fácil compreender seus principais efeitos colaterais, em especial quando utilizados de forma sistêmica por via oral (comprimidos e xaropes) ou injetável.

Medicamentos contendo corticóides:
Os remédios contendo corticóides sintéticos (chamados popularmente de “cortisona”),
são utilizados no tratamento de diversas doenças alérgicas, como a asma, rinite,
alergias na pele e no choque anafilático.
• Via oral: xaropes e comprimidos;
• Para uso injetável;
• Para uso inalado: nebulizações, sprays ou inaladores de pó seco;
• Uso na pele: pomadas e cremes;
• Uso oftálmico –colírios.


CORTICÓIDES POR VIA ORAL
Usados sob forma de comprimidos ou como xaropes estão indicados nas crises de asma, rinite e em outras formas de alergia (urticária, angioedema, etc). O ideal é o uso por poucos dias, a fim de corrigir o problema sem que haja interferência na produção do cortisol pela glândula adrenal, sendo uma medicação valiosa e segura.
Os efeitos colaterais são variáveis de pessoa a pessoa, dependendo da dose e do tempo de uso. Os mais comuns são aumento do apetite e alterações do sistema nervoso: algumas pessoas sentem-se com mais energia, outros se queixam de tristeza, irritabilidade e insônia.
No caso da asma, é importante chamar a atenção sobre o medo do corticóide por causa dos efeitos colaterais, mas o retardo no início do uso pode acarretar piora da doença e levar à internação hospitalar (às vezes até em CTI), sendo necessário o uso de doses muito mais altas da cortisona.

Ressalta-se que este medicamento só deve ser feito sob orientação do médico e em hipótese nenhuma por conta própria ou por conselhos de balconistas ou amigos pois o uso abusivo da cortisona pode provocar danos muitas vezes irreparáveis à saúde. Quem nunca ouviu dizer que a cortisona é faca de dois gumes? E é verdade. Mas, cabe ao médico utilizar o “gume certo” e usufruir o benefício do medicamento com o mínimo de efeitos colaterais indesejáveis.

CORTICÓIDES INJETÁVEIS:
Os corticóides podem ser utilizados por via venosa ou intramuscular nas crises agudas de asma e em situações de emergência, como no choque anafilático. Atuam promovendo a diminuição do processo inflamatório e do edema, diminuindo a chegada das células e de fatores chamados mediadores da inflamação.
Entretanto, existem no mercado algumas formas para uso intramuscular e que têm liberação lenta (formas de depósito), permanecendo na circulação por cerca de 20 a 30 dias após uma única aplicação. Esta liberação lenta tende a provocar efeitos colaterais mais graves e intensos e por isso não são recomendadas no tratamento de doenças alérgicas.

Os principais efeitos colaterais dos corticóides sistêmicos – em comprimidos, xaropes ou injetáveis são:
• Aumento de peso com deposição central de gordura (giba de búfalo).
• Tendência a aumentar a pressão arterial.
• Retenção de água (edema).
• Tendência ao aumento do açúcar no sangue (diabetes).
• Aumento da acidez estomacal (azia, gastrite).
• Perda de cálcio ósseo (Tendência à osteoporose).
• Insônia, agitação.
• Aparecimento de cãimbras.
• Acne, surgimento de pêlos na face.

CORTICÓIDES INALADOS
O uso inalado é considerado padrão ouro no tratamento de controle da asma e da rinite alérgica, atuando no processo inflamatório das vias respiratórias e resultando no controle da doença, devendo ser mantido de forma contínua e por tempo prolongado.
Resalta-se que os corticóides inalados não são indicados para uso nas crises, mas sim na prevenção e controle da asma.
Apesar de seguros, os corticóides inalados também podem causar efeitos colaterais, mas em geral de forma localizada, como a rouquidão (disfonia) e candidíase oral (“sapinho”). Os efeitos colaterais sistêmicos são raros e de pequena intensidade.
Os corticóides inalados podem ser usados sob forma se nebulização, como “sprays” ou aerossóis (popularmente conhecidos como "bombinhas”) ou ainda em forma de inaladores de pó. É imprescindível lavar a boca após o uso. No caso dos aerossóis ou sprays, recomenda-se também o uso de espaçadores, a fim de reduzir possíveis efeitos colaterais locais.

Vantagens do uso inalado:
- A medicação atua mais rápido;
- As doses são menores (microgramas);
- Os efeitos colaterais sistêmicos são mínimos;
- Pode-se utilizar por tempo prolongado sem alterar o equilíbrio do eixo hipófise - arenal.

CORTICÓIDES USADOS SOB FORMA DE CREMES E POMADAS
Usados no tratamento de doenças alérgicas da pele como a dermatite atópica e o eczema de contato.


Em resumo:

USO ADEQUADO:
• Para tratar crises fortes ou moderadas nas doenças alérgicas.
• Utilização deve ser de preferência por via oral (comprimido ou xarope), em doses adequadas e por período curto (5 a 7dias).
• Utilizar com orientação e supervisão do médico.

USO INADEQUADO:
• Uso por conta própria e sem orientação médica.
• Utilização repetida de injeções de depósito (ação prolongada).
• Evitar corticóides a todo o custo e só usar quando a crise já for muito grave.
• Usar baixas doses por tempo longo ou modificar a prescrição do médico por medo de efeitos colaterais.

Alguém tem medo de beber água?

Certamente não... Mas água também pode afogar e matar!

Corticóides usados de maneira adequada
são medicamentos seguros, úteis e confortadores, preciosos como a água.
Fonte: http://blogdalergia.blogspot.com/2007/06/corticides-faca-de-dois-gumes.html

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