terça-feira, 26 de abril de 2011

Vídeo Sistema Respiratório

terça-feira, 12 de abril de 2011

RADIAÇÃO: o novo temor mundial!!

Diante da tragédia que assola o Japão, deparamo-nos com uma preocupação que supera a dos fenômenos naturais ocorridos nesse país: a radiação provinda das usinas nucleares.

Entre notícias, boatos, medos, divulgações fantasiosas e dados reais, surge a dúvida de como esse fato pode interferir na saúde dos habitantes das cidades de Fukushima e Tóquio, bem como nos das outras cidades japonesas e até mesmo no restante do mundo.


Primeiro, é importante entendermos como a radiação age e como ela se espalha no meio a ponto de tornar-se a ameaça anunciada.

Segundo pesquisadores, diferentes tecidos reagem de formas distintas às radiações. Podemos considerar como células mais sensíveis as dos sistemas linfático e hematopoiético (medula óssea) e as do epitélio intestinal, fortemente afetadas quando irradiadas. Já os tecidos musculares e os neurônios apresentam baixa sensibilidade às radiações.

Efeitos no organismo
As radiações decorrentes da tragédia no Japão são consideradas ionizantes, ou seja, produzem íons, radicais e elétrons livres na matéria que sofreu a interação. Isso ocorre devido à elevada emissão de energia, suficiente para quebrar as ligações químicas ou expulsar elétrons dos átomos após as colisões.

A contaminação pela radiação ionizante no organismo ocorre em quatro etapas:

1.Estágio físico inicial - dura somente uma fração de segundo (10 a 16s), em que a energia é depositada na célula e causa ionização.
2.Estágio físico-químico - dura cerca de 10 a 16 segundos , intervalo em que os íons interagem com outras moléculas de água, resultando em novos produtos.
3.Estágio químico - dura uns poucos segundos, em que os produtos da reação interagem com as moléculas orgânicas mais importantes da célula. Os radicais livres (H, OH) e os agentes oxidantes (H2O2) podem atacar as moléculas compostas que formam o cromossomo.
4.Estágio biológico - dura de dezenas de minutos a dezenas de anos, dependendo dos sintomas. As alterações químicas citadas acima podem danificar a célula de várias maneiras: provocando a sua morte prematura, impedindo a divisão celular, ocasionando mutagênese, entre outras.
A ação da radiação sobre o DNA depende de vários fatores, ocasionando diversos processos no organismo.

No DNA, ocorrem alterações químicas como: alterações estruturais das bases nitrogenadas e das desoxirriboses; eliminação de bases; rompimento de pontes de hidrogênio entre duas hélices; rotura de uma ou duas cadeias; e ligações cruzadas entre moléculas de DNA e proteínas.

Essas alterações no DNA causam modificações somáticas e hereditárias.

Os efeitos somáticos acarretam danos nas células do corpo da pessoa que recebeu a contaminação, mas não interferem nas gerações posteriores.

Os principais efeitos registrados são assim descritos por Fabio Antonio Schaberle e Nelson Canzian da Silva, da UFSC (Departamento de Física):

■Sangue: Os glóbulos brancos do sangue são as primeiras células a serem destruídas pela exposição, provocando leucopenia e reduzindo a imunidade do organismo. Uma semana após uma irradiação severa as plaquetas começam a desaparecer, e o sangue não coagula. Sete semanas após começa a perda de células vermelhas, acarretando anemia e enfraquecimento do organismo.
■Sistema linfático: O baço constitui a maior massa de tecido linfático, e sua principal função é a de estocar as células vermelhas mortas do sangue. As células linfáticas são extremamente sensíveis à radiação e podem ser danificadas ou mortas quando expostas.
■Canal alimentar: Os primeiros efeitos da radiação são a produção de secreção e descontinuidade na confecção de células. Os sintomas são náuseas, vômitos e úlceras no caso de exposição muito intensa.
■Glândula tireoide. Essa glândula não é considerada sensível à radiação externa, mas concentra internamente iodo-131 (radioativo) quando ingerido, o que causa o decréscimo da produção de tiroxina. Como consequência, o metabolismo basal é diminuído e os tecidos musculares deixam de absorver o oxigênio necessário.
■Sistema urinário: A existência de sangue na urina, após uma exposição, é uma indicação de que os rins foram atingidos severamente. Danos menores nos rins são indicados pelo aumento de aminoácidos na urina.
■Ossos: A radiação externa tem pequena influência sobre as células dos ossos, fibras e sais de cálcio, mas afeta fortemente a medula vermelha.
■Olhos: Ao contrário de outras células, as das lentes dos olhos não são auto-recuperáveis. Quando estas células são danificadas ou morrem, há formação de catarata, ocorrendo perda de transparência dessas células.
■Órgãos reprodutores: Doses grandes de radiação podem produzir esterilidade, tanto temporariamente como permanente. A sensibilidade de gestantes é maior entre o 7º e o 9º mês de gestação. Nas mulheres grávidas que foram expostas às radiações no Japão durante o episódio em que duas bombas atômicas foram lançadas sobre aquele país, houve um aumento significativo de partos retardados e mortes prematuras.
No caso dos efeitos hereditários ou genéticos, o resultado da irradiação aparece nas células sexuais sendo transmitida aos seus descendentes, pois atua diretamente sobre as gônadas (órgão reprodutores). A mutagênese observada pode levar desde a morte do feto até alterações de má formação de órgãos.

Sobre a contaminação no Japão, os níveis de radiação divulgados nos noticiários fornecem uma noção da gravidade da situação.

Níveis de contaminação
Normalmente segue-se a escala de sete níveis criada pelo INES (International Nuclear and Radiological Event Scale), para realizar a comunicação imediata de segurança e ação em casos de acidentes nucleares. Essa escala é logarítmica, na qual cada nível representa um aumento de acidentes, aproximadamente dez vezes mais grave do que o nível anterior.

Níveis de contaminação por radiação ionizante, segundo o INES, são os seguintes:

Nível 0 - abaixo da escala. Nenhuma importância com relação à segurança.

Nível 1 - anomalia. Pode decorrer de uma falha de equipamento, de um erro humano ou de procedimentos inadequados. Essas situações são consideradas tipicamente “abaixo da escala”.

Nível 2 - incidente com falha importante dos dispositivos de segurança, resultante do fato de um trabalhador receber uma dose acima do limite de dose anual estabelecida e/ou evento que implique a presença de quantidades significativas de radioatividade em áreas da instalação para as quais, de acordo com o projeto, tal fato não seria justificável, exigindo-se medidas corretivas.

Nível 3 - liberação externa acima dos limites autorizados, resultando, para o indivíduo mais exposto fora da área da instalação, numa dose da ordem de décimos de miliSieverts (as doses são expressas em termos de dose equivalente efetiva; dose de corpo inteiro).

Nível 4 - acidente sem risco importante fora da área da instalação. Liberação externa de radioatividade que resulte, para o indivíduo mais exposto fora da área da instalação, numa dose da ordem de alguns miliSieverts. Com essa liberação, seria pouco provável a necessidade da aplicação de medidas de proteção fora da área de instalação, executando-se, talvez, um controle dos alimentos locais.

Nível 5 - acidente com risco fora da área da instalação. Liberação externa de materiais radioativos. Essa liberação resultaria, provavelmente, na aplicação parcial das contramedidas previstas nos planos para casos de emergência, com o objetivo de reduzir a probabilidade de efeitos sobre a saúde.

Nível 6 - acidente sério. Liberação externa de materiais radioativos. Essa liberação resultaria, provavelmente, na aplicação integral das contramedidas previstas nos planos locais para casos de emergência, visando limitar os efeitos graves sobre a saúde.

Nível 7 - acidente grave. Liberação externa de uma fração importante de material radioativo de uma instalação grande. Seria constituída, tipicamente, de uma mistura de produtos de fissão radioativos de vidas curta e longa. Essa liberação poderia ocasionar efeitos tardios para a saúde da população de uma vasta região, possivelmente, mais de um país, e consequências em longo prazo para o meio ambiente. Um exemplo desse nível é o acidente de Chernobyl, na Ucrânia (1986).
A análise dos níveis de contaminação é feita com a utilização de um aparelho chamado contador geiger, que detecta a presença de radiação usando a capacidade que as partículas radioativas têm de ionizar certas moléculas de argônio que reagem produzindo a migração de íons criando um pulso de corrente elétrica que é transmitida a um amplificador, resultando num som característico. Quanto mais partículas radioativas houver, maior será a corrente elétrica, mais rápido o som é transmitido.


O que nos resta a fazer diante desses dados e desse quadro vivido no Japão? Esperar que as autoridades japonesas, num gesto político, mas humano, repassem a veracidade dos dados para que possamos tomar as medidas necessárias para evitar, como pudermos, os danos à saúde, preservando a vida.

 Por Anna Thereza Santos Ferreira
Referência
SCHABERLE, Fabio Antonio; SILVA, Canzian Nelson. Introdução à Física da Radioterapia. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências Físicas e Matemáticas. Departamento de Física. Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2011.
Disponivel em: http://blog.aprendebrasil.com.br/blog_bio/radiacao-o-novo-temor-mundial/#comments

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tragédia no Japão
Tremor arrasa cidades e provoca crise nuclear

José Renato Salatiel


Um terremoto de 9 graus na escala Richter, o mais forte já registrado no Japão, causou um tsunami que devastou a costa nordeste do país no dia 11 de março. Ondas de até 10 metros de altura arrastaram tudo que encontravam pela frente – navios, barcos, carros, casas e pessoas.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O número de mortos chega a mais de 4 mil, a maioria na província de Miyagi, localizada próximo ao epicentro. Outras 9.083 continuam desaparecidas. Cidades inteiras foram destruídas. Em outras localidades, faltam água, luz, alimentos e combustível.

O tsunami também danificou as instalações de usinas nucleares. No complexo de Fukushima Daiichi, uma das 25 maiores usinas do mundo, em quatro dias ocorreram três explosões na estrutura que abriga os reatores.

O acidente elevou uma nuvem radioativa que obrigou a retirada emergencial de 200 mil moradores da região. A população de Tóquio, capital, está assustada com a possibilidade dos ventos espalharem a radioatividade para o restante do país. A exposição prolongada à radiação causa mutação celular e câncer.

Cientistas alertaram para o risco de um acidente nuclear como o ocorrido em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986. Na época, a radiação se espalhou pela Europa, matando milhares de pessoas e contaminando o solo. Foi o pior desastre nuclear da história.

A diferença é que, no caso de Tchernobil, houve explosão no reator nuclear, liberando partículas radioativas na atmosfera. No Japão, os problemas foram causados pela falha no sistema de resfriamento dos reatores, que geram energia elétrica a partir do urânio.

Desde então, as equipes tentam impedir o derretimento do núcleo dos reatores, o que causaria uma catástrofe atômica.

O Japão usa energia nuclear há quatro décadas, sem nunca ter registrado acidentes. São 55 reatores em operação em 17 usinas que, juntas, são responsáveis pela geração de um terço da energia elétrica consumida no território japonês.

Em comparação, o Brasil possui duas usinas em funcionamento, Angra 1 e Angra 2, ambas situadas na cidade de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro. O complexo gera apenas 2,5% da eletricidade consumida no país.

As catástrofes combinadas – terremoto, tsunami e vazamento radioativo – formam a pior crise enfrentada pelos japoneses desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a população sofreu um bombardeio atômico.


Abalos
O terremoto no Japão é o quinto mais forte desde 1900, quando começaram os registros mais confiáveis. O pior aconteceu em 22 de maio de 1960, no Chile, com magnitude de 9,5.

Mais recentemente, em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,1 na escala Richter na ilha de Sumatra, na Indonésia, causou um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países do sudeste asiático.

Os tremores de terra são provocados pelo movimento de placas tectônicas na superfície terrestre. Quando os terremotos acontecem no mar, como no caso desse no Japão, o leito do oceano sofre uma elevação, deslocando um grande volume de água que forma uma série de ondas gigantes.

O Japão está localizado no chamado "anel de fogo do Pacífico", que inclui Filipinas, Indonésia e países menores. A região concentra as maiores atividades sísmicas do mundo.

Um total de 20% de todos os tremores de magnitude superior a 6 que acontecem no mundo afetam o Japão. Todos os dias o país é abalado por sismos, a maioria deles imperceptíveis para os habitantes.

Em 1933, um terremoto de 8,1 de magnitude matou 3 mil pessoas de Tóquio e cidades próximas. No mais mortífero, em 17 de janeiro de 1995, 6.424 pessoas morreram na região de Kobe-Osaka. Os abalos atingiram 7,2 graus na escala Richter.

Por esta razão, todas as construções japonesas são feitas com tecnologia moderna de engenharia civil. A população também recebe treinamento específico para se proteger em caso de terremotos e tsunamis. Tais medidas preventivas e alertas de segurança contribuíram para evitar que o número de morte e os prejuízos fossem maiores neste último tremor de terra.


Dekasseguis
Estima-se em bilhões de dólares o montante gasto com a recuperação das cidades. A tragédia pegou os japoneses em um momento econômico difícil. Depois de três décadas de crescimento, contando a partir dos anos 1960, há 15 anos a economia japonesa está estagnada.

O país acumula hoje uma dívida líquida que corresponde a 180% do PIB (no Brasil, a porcentagem é de 41%). No ano passado, o Japão foi ultrapassado pela China como a segunda maior economia mundial, posição que ocupava desde 1968.

O Brasil e o Japão possuem uma longa história de intercâmbio, com fluxos migratórios de ambos os lados. Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao país em 1908 no navio Kasato Maru. Desde então, formou-se a maior comunidade de japoneses e descendentes que vivem fora do país de origem.

No final dos anos 1980, foi a vez de descendentes brasileiros emigrarem para o Japão, em busca de melhores oportunidades de emprego.

Hoje os dekasseguis (trabalhador imigrante) de origem brasileira compõem o maior contingente no Japão. A região atingida por terremoto, porém, é o destino menos usual desses trabalhadores. Até agora, não há registro de brasileiros mortos na tragédia.


Direto ao ponto
Um terremoto de 9 graus na escala Richter, o mais forte já registrado no Japão, causou um tsunami que devastou a costa nordeste do país no dia 11 de março. Ondas de até 10 metros de altura arrastaram cidades e deixaram 4,3 mil mortos e milhares de desaparecidos.

O tremor também provocou explosões na estrutura de reatores nucleares no complexo de Fukushima Daiichi, uma das 25 maiores usinas do mundo. O acidente elevou uma nuvem radioativa que obrigou o deslocamento de 200 mil moradores das comunidades próximas. A energia nuclear no Japão responde por um terço do abastecimento de energia elétrica no país.

O terremoto no Japão é o quinto mais forte desde 1900, quando começaram os registros mais confiáveis. O pior aconteceu em 22 de maio de 1960, no Chile, com magnitude de 9,5.

O Japão está localizado no chamado "anel de fogo do Pacífico", que concentra as maiores atividades sísmicas do mundo. A tecnologia empregada na construção dos prédios e as medidas preventivas evitaram que a catástrofe fosse maior.

O Brasil e o Japão possuem uma longa história de intercâmbio, com fluxos migratórios de ambos os lados. O Brasil tem a maior comunidade japonesa fora da pátria, e no Japão, o maior número de dekasseguis (trabalhadores imigrantes) são de brasileiros.